No Fórum Anual das Médias Empresas da Fundação Dom Cabral, especialistas destacam impactos e perspectivas do contexto político e econômico brasileiro.

O Fórum Anual das Médias Empresas – FDC, promovido pela Fundação Dom Cabral (FDC) em São Paulo, dedicou a abertura de sua programação a um tema central para o setor: o impacto do atual cenário político e econômico sobre as empresas de médio porte.

A palestra “Presente e futuro político-econômico: como as médias empresas podem se posicionar”, mediada pelo professor Bruno Carazza (FDC), reuniu representantes do BNDES, Caixa Econômica Federal e ApexBrasil. O debate analisou como desafios estruturais e conjunturais da economia nacional podem se transformar em oportunidades de crescimento para esse segmento empresarial.

Desafios do cenário político e econômico

Os especialistas destacaram que o Brasil atravessa um momento ambíguo:

• Desaceleração do PIB e encarecimento do crédito pressionam a atividade econômica;

• Ao mesmo tempo, a taxa de emprego em alta e o crescimento do rendimento médio fortalecem o consumo e dão maior poder de compra à população.

Para Tiago Peroba, chefe do Departamento de Clientes e Relações Institucionais do BNDES, o momento exige atenção, mas também confiança na força das médias empresas:

“Apesar do ambiente desafiador, em 2024 o BNDES destinou R$ 92,4 bilhões para micro, pequenas e médias empresas, porque acreditamos que esse segmento é fundamental para a inovação, geração de empregos e fortalecimento da economia local.”

Crédito, consumo e comportamento do mercado

Outro ponto de destaque foi a transformação estrutural no ambiente de negócios brasileiro. Embora o chamado “tarifaço” e o alto nível de endividamento das famílias representem obstáculos, a bancarização crescente da população tem aumentado a concorrência entre instituições financeiras, ampliando o acesso ao crédito e fortalecendo a capacidade de consumo.

De acordo com Rodrigo Bampi, Head do Segmento Middle da Caixa Econômica Federal, as mudanças de comportamento do consumidor exigem novas estratégias:

“O crédito mais caro é uma barreira real, mas o aumento da renda média abre espaço para novos mercados. As empresas que souberem se adaptar ao novo perfil de consumo e oferecer valor agregado têm condições de crescer mesmo em períodos de incerteza.”

Internacionalização como caminho estratégico

A expansão internacional também foi apontada como uma alternativa sólida para diversificação de mercados. Clarissa Furtado, representante da ApexBrasil, destacou que buscar novos destinos comerciais pode fortalecer a competitividade das médias empresas brasileiras:

“Esse é um momento de investir em diferenciação e explorar oportunidades de exportação. A ApexBrasil está preparada para apoiar esse processo.”

Visão de longo prazo diante das incertezas

Encerrando o painel, o mediador Bruno Carazza reforçou a importância da visão estratégica em tempos de instabilidade:

“Embora os empresários muitas vezes se sintam paralisados pelas notícias negativas do cenário econômico, é justamente em períodos de instabilidade que surgem oportunidades de reposicionamento. O desafio é olhar além das dificuldades imediatas e construir estratégias de longo prazo.”

Considerações finais

O Fórum Anual das Médias Empresas mostrou que, apesar de um cenário econômico marcado por contradições, existe espaço para crescimento quando as companhias adotam estratégias inovadoras, exploram novos mercados e alinham suas operações às mudanças do consumo e do crédito.

Mais do que mapear riscos, o evento reforçou que o empoderamento das médias empresas passa por preparo, adaptação e visão de futuro — elementos essenciais para consolidar seu papel como motor da economia nacional.

Evento da Fundação Dom Cabral em São Paulo reúne especialistas e executivos para debater futuro das médias empresas brasileiras.

O 10º Fórum Anual das Médias Empresas, realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC) em parceria com a Francal, teve início nesta terça-feira (2) em São Paulo e segue até (3) de setembro 2025.

Pela primeira vez sediado na capital paulista, no Teatro Claro+ e na sede da FDC, na Vila Olímpia, o evento reúne empresários, executivos e lideranças de empresas de médio porte, organizações com faturamento entre R$ 40 milhões e R$ 500 milhões, que juntas representam mais de 30% do PIB nacional, segundo dados do Índice Omie de Desempenho Econômico das PMEs (IODE-PMEs).

Conteúdo inovador e foco no futuro das médias empresas

Com o tema “Construindo futuros positivos: o crescimento das médias empresas no novo contexto”, a edição de 2025 aposta em um formato interativo e prático.

“Vamos disponibilizar ferramentas que permitam ações imediatas, como frameworks, modelos de implantação, autoavaliações e trocas de altíssimo nível com um painel de palestrantes ímpar, em um ambiente único criado para quem lidera e quer crescer acima da média”, afirma Adriano Amui, professor associado da FDC e um dos curadores do evento.

A proposta é oferecer às médias empresas estratégias aplicáveis, combinando discussões acadêmicas, experiências práticas e tendências de mercado para apoiar decisões de curto e longo prazo.

Programação e palestrantes de destaque

Ao longo de dois dias intensos de atividades, o fórum traz nomes de peso do cenário nacional e internacional:

• Heni Ozi Cukier (cientista político), Sabrina Dewiek (FDC), Patrícia Prado (Data & AI) e Grazi Mendes (FDC): panorama sobre tecnologia, sociedade e economia.

• Bruno Carazza (economista) e Thiago Luiz Cabral Peroba (BNDES): análise do contexto político-econômico brasileiro e da geopolítica mundial.

• Gustavo Donato (FDC) e Thaís Fischberg (Adyen): transformações tecnológicas e principais tendências para os próximos anos.

• Antonio Moreira Leite (Grupo Trigo) e André Rezende (Prática Produtos SA): cases de sucesso sobre desafios e crescimento sustentável.

Liderança e inovação como pilares do crescimento

O fórum também se dedica a discutir temas como marketing, inovação, governança corporativa, tomada de decisões estratégicas e liderança transformadora. Entre os participantes estão CEOs reconhecidos do mercado, como:

• Andrea Krewer, CEO da Sodexo Brasil;

• Manuella Curti, CEO da Europa Purificadores de Ar;

• Ronaldo Robeiro, CEO da Farmax.

Os três executivos fazem parte do programa CEO’s Legacy da Fundação Dom Cabral e compartilharão experiências de liderança e transformação de negócios.

Impacto esperado para médias empresas brasileiras

Segundo Diego Marconatto, professor da FDC e também curador do evento, a expectativa é que o fórum se torne um marco para o setor:

“O Fórum vai auxiliar empresários e executivos a potencializar seu crescimento sustentável e alinhar suas equipes às novas realidades do mercado.”

O 10º Fórum Anual das Médias Empresas se consolida, assim, como o principal espaço no Brasil para debater os rumos desse segmento, reforçando o papel das médias empresas no crescimento econômico e na geração de empregos.

Sem preparo adequado, médias empresas não conseguem extrair todo o potencial da Inteligência Artificial, aponta especialista da Fundação Dom Cabral.

O 10º Fórum Anual das Médias Empresas FDC reforçou um alerta importante: embora a maioria das médias empresas já utilize a Inteligência Artificial (IA) em algum nível, o preparo das equipes é insuficiente para garantir resultados consistentes. Para especialistas, a capacitação de pessoas é o principal diferencial competitivo na adoção estratégica da tecnologia.

A importância do preparo humano na adoção da IA

De acordo com Gustavo Donato, professor associado da Fundação Dom Cabral e conselheiro global do Grupo Stefanini, a falta de conhecimento especializado é o maior obstáculo enfrentado pelos gestores.

“A ausência de preparo impede que os negócios extraiam todo o potencial da IA e a utilizem de forma estratégica. Sem letramento adequado, o uso da tecnologia tende a ser básico, pouco inovador e de baixo impacto”, destacou.

Além da carência de conhecimento técnico, Donato cita ainda a resistência cultural à mudança e a falta de visão estratégica como barreiras comuns. Segundo ele, sem clareza sobre objetivos, estruturação de dados e integração com outras tecnologias, os investimentos em IA podem não gerar retorno.

Popularização da tecnologia entre médias empresas

Mesmo com desafios, a IA já se consolidou no universo das empresas de médio porte. Uma pesquisa da Microsoft e Edelman (2024) mostra que 74% das médias empresas já utilizam a tecnologia em alguma etapa de suas operações.

O cenário atual contrasta com décadas anteriores, quando apenas grandes corporações tinham acesso a soluções avançadas. Hoje, ferramentas gratuitas ou de baixo custo democratizaram o acesso, impulsionando o uso da IA em setores como marketing, vendas, atendimento e gestão financeira.

Principais aplicações nas médias empresas

Entre os usos mais recorrentes da IA estão:

• Atendimento ao cliente: chatbots inteligentes e automação de respostas;

• Marketing e vendas: análise de comportamento, personalização de campanhas e geração de conteúdo;

• Gestão financeira: automação de relatórios, contratos e previsões de fluxo de caixa.

Donato ressalta que os ganhos são expressivos quando a tecnologia é aplicada com estratégia. “Empresas que adotam IA podem otimizar processos, melhorar a tomada de decisão com base em dados e oferecer experiências mais personalizadas para os clientes. As vantagens competitivas são inegáveis.”

Capacitação como motor de resultados

Apesar da popularização, o uso da IA ainda é considerado superficial. Para especialistas, o grande diferencial competitivo está no letramento das equipes. Capacitar colaboradores permite não apenas operar sistemas, mas compreender limitações, riscos e possibilidades de cada aplicação.

“Ao preparar as pessoas, as médias empresas transformam a IA de uma ferramenta de apoio em um ativo estratégico para gerar valor”, reforça Donato.

O papel da Fundação Dom Cabral no debate

O tema foi amplamente discutido no 10º Fórum Anual das Médias Empresas FDC, realizado em São Paulo nos dias 2 e 3 de setembro de 2025. Com curadoria da Fundação Dom Cabral e organização da Francal, o evento é o único do país totalmente dedicado às experiências de negócios de médio porte.

O encontro reuniu especialistas, executivos e consultores para debater tendências, desafios e oportunidades das médias empresas no Brasil, com foco especial na adoção de novas tecnologias e no preparo humano necessário para sustentá-las.

Considerações finais e perspectivas futuras

A mensagem central do 10º Fórum Anual das Médias Empresas FDC é clara: a Inteligência Artificial já não é uma aposta distante, mas uma realidade em expansão. Contudo, para que médias empresas colham resultados sustentáveis, será preciso investir não apenas em softwares e plataformas, mas principalmente em capacitação, estratégia e mudança cultural.

Nos próximos anos, a expectativa é que as organizações que investirem em letramento digital e formação contínua estejam mais preparadas para gerar vantagem competitiva em um mercado cada vez mais digital e orientado a dados.