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Andrónico Rodriguez

Bolívia: Esquerda dividida dá vantagem à direita nas eleições

Divisões na Esquerda Boliviana à Véspera das Eleições Gerais

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Divisões na Esquerda Boliviana à Véspera das Eleições Gerais

Com as eleições gerais marcadas para o próximo dia 17 de agosto, a situação política na Bolívia se torna cada vez mais complexa. O ex-presidente Evo Morales está incentivando o voto nulo, enquanto a esquerda enfrenta uma quebra interna significativa. Em contraste, a direita lidera as pesquisas de intenção de voto.

Pesquisas Apontam Favoritismo da Direita

Samuel Medina, um mega empresário, surge como o grande favorito nas intenções de voto. O ex-líder cocaleiro e atual presidente do Senado, Andrónico Rodríguez, que antes era aliado de Evo Morales, não consegue ultrapassar os 10% nas pesquisas. Essa polarização entre a esquerda e a direita reflete um cenário de instabilidade política e potencial mudança de poder.

Dados das Eleições e Contexto Demográfico

As eleições não se restringem apenas à presidência e vice-presidência, mas também incluem a escolha de 130 deputados e 36 senadores. Com uma população de aproximadamente 12 milhões, a Bolívia é cercada por Brasil (Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), apresentando um contexto geopolítico relevante na América do Sul.

O Fim do Ciclo de Governos de Esquerda?

A fragmentação do Movimento ao Socialismo (MAS), partido que liderou a Bolívia durante 19 anos, pode marcar o fim de um ciclo governamental à esquerda. A única exceção nesse período foi o governo temporário de Jeanine Áñez, que assumiu após o golpe militar que resultou na renúncia de Evo Morales, em meio a alegações de fraude eleitoral.

Retorno e Racha de Morales com o MAS

Em novembro de 2020, o MAS recuperou o poder com a eleição de Luis Arce, ex-ministro da Economia de Morales. Contudo, a volta de Morales do exílio resultou em um racha dentro do partido. A facção fiel a ele se tornou oposição ao governo de Arce, que já enfrenta desafios significativos, incluindo uma crise econômica.

Implicações Legais e Acusações

Com a Justiça eleitoral impedindo sua candidatura por ter exercido três mandatos, Morales tem defendido o voto nulo e criticado ex-aliados. Ele se apresenta como uma vítima de perseguição política e responde a acusações de estupro de uma menor, o que nega veementemente. Recentemente, bloqueios de rodovias em apoio à sua candidatura resultaram em tensão social e a morte de pelo menos quatro pessoas.

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A Nova Face da Esquerda

Em meio à crise interna, o atual presidente, Luiz Arce, decidiu não se candidatar à reeleição, indicando seu ex-ministro Eduardo De Castillo, que enfrenta baixas intenções de voto. A manobra foi questionada por setores do MAS, gerando ainda mais instabilidade no partido.

Alternativas Dentro da Esquerda

Andrónico Rodríguez, que se descolou do MAS, é visto como uma alternativa, mas suas intenções de voto caíram drasticamente. Ele, que antes competia com cerca de 14% nas pesquisas, agora aparece com apenas 6%. Outro nome, Eva Copa, uma figura proeminente do MAS, abandonou sua candidatura alegando que seu novo partido, o Morena, ainda não estava maduro o suficiente para concorrer.

Análise dos Especialistas

O professor Clayton Mendonça Cunha Filho, da Universidade Federal do Ceará (UFC), afirma que a busca de Morales por consolidar seu status dentro do MAS acabou resultando em sua desintegração. Ele observa que, com o sistema eleitoral boliviano exigindo uma cláusula de barreira de 3% dos votos, o MAS corre o risco de se tornar minoritário no parlamento.

“A insistência de Evo em se colocar como o único candidato possível do MAS implodiu o partido, que, por muito tempo, teve uma estrutura plural e diversificada,” explica Cunha.

A Direita em Ascensão

Em contraste com a fragmentação da esquerda, a direita boliviana, representada por Samuel Medina e Jorge “Tuto” Quiroga, lidera as pesquisas de intenção de voto. Juntos, esses candidatos somariam cerca de 47% dos votos, conforme uma pesquisa recente do jornal El Deber.

Cenários de 1º e 2º Turno

Para vencer no primeiro turno, um candidato precisaria de 50% mais um voto, ou 40% e uma diferença de 10 pontos em relação ao segundo colocado. Se as tendências se mantiverem, um segundo turno inédito ocorrerá em 19 de outubro.

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Os Candidatos da Direita

Samuel Medina, um empresário com história política complexa, está na frente por sua experiência e apelo popular. Por outro lado, “Tuto” Quiroga tem uma longa trajetória na política boliviana, tendo ocupado cargos importantes no governo e em períodos de crise política.

Desafios de um Estado Plurinacional

O MAS chegou ao poder durante o que alguns chamam de “maré rosa”, um período de governos progressistas na América Latina. Em 2009, a Bolívia adotou uma nova constituição que enfatizava a plurinacionalidade e as diversidades étnicas do país.

Impacto nas Políticas Futuras

Segundo o professor Cunha Filho, será a primeira vez que um presidente eleito sob esse novo modelo não terá estado envolvido em sua criação. Isso levanta questões sobre como a direita, se eleita, lidará com as estruturas institucionais já estabelecidas.

“O que mudarão a partir do novo governo? É essencial observar se isso resultará em uma consolidação desse modelo plurinacional,” analisa Cunha.

Conclusão

A situação política na Bolívia é um indicativo das tensões e divisões que podem impactar o futuro democrático do país. A fragmentação da esquerda e o fortalecimento da direita podem alterar drasticamente o cenário, enquanto a integridade da Constituição de 2009 enfrenta novos desafios.

Assim, as próximas eleições poderão não apenas definir quem governará a Bolívia, mas também como as relações de poder serão estruturadas em um país que, por décadas, foi liderado por uma coalizão de esquerda. Com isso, todos os olhos estarão voltados para o dia 17 de agosto, uma data que pode marcar um novo capítulo na história política boliviana.

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