Policiais do Denarc e advogado presos por propina do PCC

Na manhã de quarta-feira, 10 de outubro, uma operação do Ministério Público do Estado de São Paulo resultou na prisão de dois policiais do Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc) e um advogado. Todos são suspeitos de cobrar propina do Primeiro Comando da Capital (PCC) para suspender investigações relacionadas a um membro da facção. A operação, denominada Mata-Nota, é uma colaboração entre o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Corregedoria da Polícia Civil e a Polícia Federal.

Detalhes da Operação

A operação foi autorizada pela 2ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital. De acordo com os investigadores, um terceiro policial do Denarc também está sendo investigado, mas não foi preso neste momento.

O advogado detido na operação foi identificado como Ademilson Alves de Brito. Vallendo-se de um histórico criminal complicado — com uma condenação anterior por extorsão mediante sequestro e associação criminosa — Brito se tornou o foco das atenções durante a operação.

Contexto da Investigação

A Justiça já expediu mandados de busca e apreensão, que foram cumpridos em residências e na sede do Denarc. Além disso, houve a determinação para o confisco, sequestro e bloqueio de bens no valor de R$ 1 milhão, quantia que, segundo a investigação, representa a propina paga pelo advogado aos policiais envolvidos.

Envolvimento do PCC e Documentação de Provas

A Promotoria revelou detalhes que colocam em contexto a gravidade do caso. Em 2024, um homem foi preso em flagrante enquanto transportava 345 kg de drogas em um fundo falso de um caminhão frigorífico. A partir da quebra de sigilo telemático, a polícia teve acesso a um vídeo crucial: uma negociação destinada a interromper a investigação contra um traficante conhecido como “Costurado”, associado ao PCC e envolvido nas atividades logísticas financeiras do grupo.

Vídeos e Patrimônio Incompatível

Um vídeo gravado em 23 de maio de 2024 revela uma videochamada entre os dois policiais do Denarc e o advogado, mencionando a participação de um terceiro policial. Este contato ocorreu pouco antes de os policiais adquirirem imóveis, o que levantou suspeitas sobre um patrimônio incompatível com os salários que recebem do estado.

Reação da Secretaria da Segurança Pública

Em resposta aos acontecimentos, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) de São Paulo manifestou seu apoio à operação. A SSP afirmou que “não tolera desvios de conduta por parte de seus agentes” e ressaltou que medidas administrativas cabíveis serão tomadas, em paralelo a apurações criminais e disciplinares.

Implicações para o Sistema de Segurança Pública

A prisão de membros da força policial em São Paulo levanta questões fundamentais sobre a integridade das instituições encarregadas de combater o crime organizado. A confiança da população na polícia pode ser severamente abalada quando surgem casos de corrupção como este, especialmente em um departamento especializado no combate ao narcotráfico.

A Operação Mata-Nota revela não apenas a presença de corrupção no interior do Denarc, mas também a complexidade e os desafios enfrentados pelas autoridades na guerra contra o tráfico de drogas e a criminalidade organizada. À medida que as investigações prosseguem, espera-se que medidas não apenas de punição, mas também de reforma sejam consideradas, para garantir que casos de corrupção não se tornem uma norma em vez de uma exceção. O resultado final pode moldar o futuro da segurança pública e o combate ao crime em São Paulo e em todo o Brasil.